Vamos entrar no horário de Verão.
Desde Outubro que estou à espera dele.
Mal posso esperar por aqueles dias em que ainda volto para casa de dia, em que ainda dá para fazer um montão de coisas depois de jantar... em que vem o calor, o Verão, as férias, as roupinhas leves, as sandalinhas de enfiar no pé, a praia...
Eu sei que é só daqui a meia hora, mas vou fazer batota. Em vez de meia noite e meia para mim já é uma e meia da matina.
Isto não são horas para uma mãe de família estar acordada!
E é por estas e por outras que eu vou xonar... chhh... sem barulho... que já tá toda a gente no choco... chhhh
Ontem à noite tocou o telefone.
-Tou..
- Tou ....inha? Sou eu. (leia-se era a minha sogra)
- Ah... sim .....inha (na Bimbolândia somos todas ...inhas nem que tenhamos 1.70m e 80Kg!), diga.
- É só para dizer que amanhã não levante os meninos da cama. Eu vou aí para sua casa para os meninos não se levantarem cedo. Está tanto frio.
- Então e vesti-los?
- Não se preocupe que eu faço isso. E também não precisa de arrumar a louça do pequeno almoço que eu dou um jeito na cozinha.
- ah... tá bem. Obrigada ...inha.
Click! (desligar o telefone)
Ãããããhhhhh?!?!?! ainda não tou a acreditar... isto deve ter sido um transplante de atitude efectuado com sucesso...
A minha alma ficou, e ainda está, um bocadinho parva!
Nova do Piolheco:
-Sabem como se lê um 1 e um 4?
Pensem...
Mais um bocadinho..
Um 1 e um 4 lê-se... DEZAQUATRO!!!
Pronto, já está!
A Páscoa passou e já disse ao F. que esta história de ser Juiz da Cruz só se pode repetir no próximo milénio!
Cabe ao Juiz da Cruz estar presente nas cerimónias mais importantes da paróquia durante um ano, ir aos funerais, estar na festa do padroeiro... até aqui nada de relevo. O pior do assunto é a Páscoa! Na Páscoa o Juiz da Cruz tem que levar o compasso às casas da freguesia, tem que pagar os foguetes da festa e dar de jantar ao pessoal que anda com os compassos. Ou seja: entraram-me valentemente nos bolsos!!!
Fiz jantar para 18 homens, 14 dos quais completamente desconhecidos para mim. Felizmente tive a ajuda da minha mãe! Aliás eu já disse várias vezes que tenho uma mãe 5 estrelas...
Para variar eu acho sempre que a comida não chega. Então faço sempre mais isto e aquilo, mais um docinho e uma entradinha... para abreviar: ontem jantaram 23 pessoas, hoje almoçaram 15, jantaram 4 e ainda tenho comida para mais 4 refeições, para não mencionar o que foi para o cão. O Caramelo deve pensar que lhe saiu a sorte grande! Há quase três dias que não come ração!
Se abrisse um catering rapidamente ia à falencia...
Andei nesta azáfama toda e sinceramente a Páscoa passou-me mesmo ao lado. Só fui à missa no domingo, porque o tempo não deu mesmo para mais. Tenho saudades de ir à Vigilia de Páscoa, mas os miudos são pequenos, não aguentam tanto tempo na igreja caladinhos... pois porque aqui na Bimbolândia as crianças tenham que idade tiverem não podem dizer nada na igreja. Mas as velhas podem ir com colossais ataques de catarro crónico, tossir a missa toda que ninguem lhes diz nada... adiante... que isto dava um post novo.
Mas foi bom porque tive cá os meus pais e voltei a ter a familia toda na 2ª feira a almoçar. Só faltou o meu irmão porque torceu um pé a jogar basket e não consegue conduzir tanto tempo. Também quem lhe manda ter a mania que é atleta?!?!? Ficou no prejuízo... ah pois é!!!
Vim aqui numa corridinha para vos dizer que não desapareci do mapa.
Chegou a Páscoa e tenho cá os meus papis.
MAs o que me faz andar mesmo de um lado para o outro à laia de "barata tonta" é que este ano o Sr. F. lembrou-se de ser o "Juiz da Cruz" cá da Bimbolândia.
Para quem não sabe o que é ser Juiz da Cruz eu depois explico que agora não há tempo. Só vos posso dizer que amanhã tenho a jantar cá em casa 28 pessoas... isto é lá vida de 1ª dama?!?!
Chauzinho!!! Beijinhos, beijocas e afins... tenho que ir que a panela de pressão tá a apitar!
Andei o dia todo a tentar descobrir as palavras certas para este post. Andei a tentar que encaixassem umas nas outras, que fisessem sentido. Como quando se procuram as notas certas para uma melodia.
Vou andar aqui a vida toda! E faltam poucos minutos para o fim do dia.
Mas acho que cheguei à conclusão que o bloqueio se vai manter. E até acho que sei porquê...
Porque há sentimentos que são tão grandes, tão plenos que não cabem em palavras. Nem em frases bem estruturadas, nem em notas de uma melodia...
Como o amor que se sente por um pai.
Como o amor que eu sinto pelo meu PAI.
Ainda existem!!
Fiquei tão entusiasmada quando as descobri que não resisti e comprei um tubinho.
De quê?
Acho que estão mais pequenas ou então é a minha boca que está maior... mas continuam a ter açucar que chegue para fazer doer os dentes!
Fechei os olhos.
"Tenho 7 anos e vou no autocarro do colégio..."
Só não fiz um super-mega-hiper-ri-fixe (floribelite aguda!) balão porque estávamos no shopping e porque uma imagem que leva 30 e picos anos a construir não se pode desfazer assim num balão de super-gorila. E depois como é que eu tirava a pastilha das sobrancelhas?! E depois voltava a mastigar com rimmel e tudo não? Poooooiiiisss...
Faz hoje um ano.
Faz hoje um ano que dormimos pela primeira vez na casa nova.
Faz hoje um ano que não dormimos nada na casa nova porque não estávamos habituados aos barulhos que havia nas redondezas.
Faz hoje um ano que o F. se levantou 8 vezes de noite para ver se os miudos estavam a dormir...
No meio do rebuliço da mudança, dos caixotes cheios de tralha, do caos instalado...
Lembro-me que de manhã, estendi a toalha do banho e fiquei a olhar lá para fora, para o estendal.
Finalmente já não tinha um projecto, nem uma maquete, nem uma obra...
Tinha uma casa. A minha casa!
Estive agora a ler os comentários que me deixaram ao último post.
Queria responder um por um mas não consigo, não tenho palavras que cheguem para agradecer a força, o apoio, o animo... tudo o que me deixaram.
E às vezes ainda o F. me pergunta porque mantenho o blog...
É verdade que as coisas não correram muito bem no primeiro tratamento.
É verdade que eles podiam e deviam ser melhor atendidos.
É verdade que trabalhar num hospital de dia de oncologia é desgastante para qualquer um e por muito forte que a pessoa seja é sempre dificil lidar com tanto sofrimento, tanto desespero.
É verdade que eu tinha refilado mais, talvez porque me apercebesse do que se estava a passar, coisa que eu não posso pedir nem ao meu pai nem à minha mãe.
É verdade que o Ben u ron tinha que ser administrado pelo hospital e não pela minha mãe.
É verdade que eu talvez tivesse pedido mais explicações à enfermeira pela asneira.
É verdade que eu não saia dali com a explicação de que o medicamento era um quimico, porque todos eles têm nome comercial ou DCI.
Mas temos que relativizar. Para continuarmos em frente.
Porque a maior verdade de todas, a que realmente importa é que há esperança. Que não se repetiu com o meu pai o cenário de há 16 anos com o meu avô, quando nos disseram que ele tinha 6 meses de vida (acabaram por ser 8).
Que acordamos todos os dias com fé de que esta fase será só uma má fase, que vai durar um ou dois anos, e que vai ficar na memória só como uma nuvem negra.
Que quando olho "para a frente" imagino o meu futuro sempre com o meu pai presente, imagino que vão poder envelhecer juntos como sempre quiseram.
Este post é só para vos agradecer a todas pelo facto de existirem, de se preocuparem e de serem minhas amigas.