Nos ultimos tempos os noticiários têm sido recheados de protestos de professores, de professores em protesto e afins.
Uns por causa do novo estatuto, outros por causa da progressão na carreira, outros por causa da avaliação... enfim...
Ontem á noite, lá noticiava a SIC mais umas manifs de profs, aqui e ali, uma delas em Portalegre. Uma das razões desta manif eram, entres outras, os "horários sufocantes" a que os professores estão sujeitos...
Onde?!?!? Só se for mesmo em Portalegre porque aqui no burgo não é de certeza!
É preciso ter muita lata! A sério que sim! Uma das coisas em que os professores são previlegiados é sem dúvida no horário. Vinte e tal horas semanais na escola? Sairem no máximo às 6 ou 6 e picos? Nunca trabalharem aos fins de semana (ou então muito excepcionalmente num evento especial da escola, tipo festa de fim de ano)? Terem férias suplementares no Natal e Páscoa?
Claro que dizem que não. Mas na prática é assim que funciona.
Tenho professores na familia, tenho professores de quem sou muito amiga e esta é a realidade deles.
Há dias em que não dão aulas. Há dias em que têm aulas só de manhã ou de tarde. Há dias em que não gastam um minuto do seu tempo a preparar aulas ou testes.
Gastam-no a ir buscar o filhos à musica, natação, judo e afins, gastam-no no ginásio, no cabeleireiro, gastam-no a dar explicações para ganharem mais uns cobres... duvido que em média dediquem à escola as 39 horas semanais que outros trabalhadores têm que dedicar ao trabalho.
E não é para ter pena! Sinceramente não tenho pena nenhuma. É a profissão que escolheram.
Tal como eles, também eu sou licenciada. Estive 6 anos na faculdade. Para lá pôr os butes, tive que arranjar uma média superior à média de qualquer curso de ensino. Trabalho há quase 10 anos e ganho praticamente o mesmo que um professor que trabalhe há tento tempo como eu.
Saio do meu emprego às 8 da noite. Trabalho aos sábados. E só não o faço aos domingos e feriados por sorte. Quando quero férias no Natal ou na Páscoa tenho que as descontar aos 22 dias uteis a que tenho direito. E não ando por aí a dizer que sou uma injustiçada! Tal como não andam a maior parte dos portugueses, aqueles que têm sorte em ter um emprego.
Todos têm o direito de protestar. São livres de o fazer.
Mas que sejam coerentes nos protestos. Sob pena de perderem a credibilidade.