O meu pai iniciou ontem a quimio.
Confesso que estávamos todos apreensivos. Os cenários que nos tinham pintado incluiam muitas náuseas, vómitos, mal-estar, fraqueza...
Felizmente o meu pai está muito bem. Nada de efeitos secundários. Está a tomar comprimidos que fazem parte do tratamento e só vai ao hospital de 3 em 3 semanas, o que lhe permite levar uma vida normal.
Para terem uma ideia, enquanto a quimio corria ele esteve ao telefone a tratar de negócios mais de metade do tempo e na outra metade a ler o jornal!
No serviço estavam duas enfermeiras, uma mais velha, outra mais novita... mas nenhuma era estagiária!
Puseram o soro a correr, tudo correu bem até quase ao fim quando o meu pai começou a queixar-se de dores na mão. A mais nova foi lá ver, mexeu e remexeu no soro, e concluiu que estava tudo bem. Aumentou a velocidade do soro. E as dores aumentaram.
2ª tentativa de diminuir as dores.
Enfª- Não isto está tudo bem. Eu vou ali buscar gelo.
E pôs-lhe gelo na mão
Chega a 2ª enfª, a mais velha, olhou para o meu pai e disse à minha mãe
-Então a minha colega já lhe disse o que não pode fazer?
- Não, não nos disse nada.
- Então o Sr. não pode mexer em nada gelado, não pode lavar as mãos com água fria, não pode beber nada gelado, não pode comer gelados. Nada de coisas frias.
Lembram-se o que e que o meu pai tinha em cima da mão? E quem é que lá o pôs?
As dores continuaram. A minha mãe levantou a hipótese de lhe dar um comprimido.
1ª Enfª- Pode dar. Um Ben u ron se tiver. Nós aqui não temos... (boa! Não há analgésicos num hospital. Ou seria preguicite da enf que não o quis ir buscar?)
A minha mãe tinha o comprimido na carteira. E água? Onde havia? Na máquina do serviço, ali ao canto.
Certo... adivinhem o que saia da máquina... certo!!!! Água gelada, que os doentes não podem beber!
E quando a minha mãe perguntou que medicamento tinha sido administrado ao meu pai a parva da enfermeira só respondeu:
-Ah... isto é um medicamento quimico que há aqui no hospital.
(como se houvesse perfusões endovenosas de chá !!! )
Santa ignorância! Ou será que é santa incompetência?!?