É sempre assim. Pensamos sempre que temos todo o tempo do mundo. Um dia o tempo acaba-se e aí é que damos conta do que perdemos.
Adiei tempo demais este post. Um post que deveria ter sido escrito em Julho ou Agosto. O post que ela tanto merecia, que me deixasse partilhar o que era para nós tê-la connosco.
A Rita adoptou-nos. Andava perto da casa do meu sogro num domingo à tarde e teimou, por mais que o meu sogro tentasse, em seguir as pernas do Piolheco. Era tão linda e meiguinha que, nem sei bem porquê, a senti logo minha e a trouxe para casa. Nunca tinha feito isto a nenhum animal, mas a Rita era especial.
Tornou-se num instante na companheira de brincadeiras preferida dos Piolhos, principalmente do Piolheco. Era ela quem o acordava de manhã, com festinhas e lambidelas e era com ela que eles brincavam à noite quando vinham para casa.
Era a minha companhia à noite quando o F. ia trabalhar. Gostava de se deitar no sofá, com a cabeça junto a mim num ronronar interminável, de mimo. Gostava de ficar na cozinha à espera que lhe desse um petisco e depois sentava-se ali a ver-me cozinhar, ou ensarilhava-se nas minhas pernas até eu lhe ralhar que me ia fazer cair.
Tinha uma paciência enorme para os miudos e nem se chateava quando o Pedro lhe puxava o pelo pensando que ela era um boneco. Acho que ela sabia que ele só tem 9 meses...
Gostava de fugir para o meu quarto para tirar uma sestinha debaixo da cama.
A Rita gostava de correr na relva e de se esconder no meio dos canteiros, gostava de brincar com as molas da roupa e com as meias dos miudos. Até gostava do Caramelo e deixava que ele lhe lambesse o focinho. Gostava de apanhar sol e esperava por nós no parapeito da janela da cozinha.
A Rita morreu no sábado.
O F. atropelou-a quando ela se escondeu debaixo do carro.
Enquanto escrevo isto tenho ao meu lado a Sissi, que tem um mês e meio, e que com o tempo também sentirei como minha gata.
Mas a Ritinha era especial. Era a minha gata. E partiu tão cedo...
Até sempre Ritinha. Desculpa ter escrito o teu post tão tarde.