A minha sogra está pior e a paciencia para passar por aqui está muito reduzida.
Um dia destes eu volto. Até pode ser que seja já amanhã. Ou na proxima semana... Quando calhar.
Por enquanto vou continuar a viver uma vida suspensa, de sobressaltos, de medos de telefones que tocam e de noites que caem no fim do dia.
Um dia eu volto...
Fomos amigas durante muitos anos.
Aliás ela era a minha amiga mais antiga pois brincámos juntas desde os quatro anos. Partilhámos a mesma sala de aula durante 6 anos, entrámos juntas para os escuteiros e quando as nossa opções nos afastaram arranjámos maneira de sempre nos voltarmos a juntar.
Foi com ela que partilhei muitas alegrias e tristezas, no tempo em que ainda não existiam telemóveis, e em que ocupávamos durante pelo menos duas horas o telefone lá de casa para desespero das nossas mães que pagavam a conta.
Partilhámos os primeiros amores e desamores.
Éramos amigas.
Conhecia os seus defeitos da mesma forma que ela conhecia os meus. Eram contornados na medida do possível, conviviamos com eles, dávamos "o desconto" aqui e ali.
Eu nunca tive muitos amigas. Uma mão cheia deles(as) mas mantive-os durante muito tempo (alguns ainda mantenho felizmente). Na vida dela entraram e sairam catadupas de amigos e amigas que mais cedo ou mais tarde acabaram por se afastar. acabaram por não dar "o desconto".
Quando me casei e lhe enviei o convite para que partilhasse comigo tão importante dia nunca pensei que ela reagisse como reagiu. Não me deu resposta. Limitou-se a dizer ao meu irmão que não tinha dinheiro para prendas, não lhe apetecia gastar dinheiro em coisas futeis porque queria comprar um carro.
Confesso que a atitude dela me supreendeu e me magoou.
A partir daí não houve mais desconto. Algo se quebrou e a distância a que a minha mudança de cidade impos separou-nos de vez.
No ultimo fim de semana cruzei-me com ela na rua.
Olhámos uma para a outra.
Eu reconheci-a e ela reconheceu-me.
Continuámos em frente.
Os nossos caminhos cruzaram-se mas as nossas vidas não.